segunda-feira, 31 de janeiro de 2011


Quando nasci,voce estava prestes a completar seus tres anos de idade.E se mordeu de ciumes quando deixou de ser o unico filho da casa.

Aos poucos fomos crescendo e fazíamos de um quarto vazio o nosso mundo da bagunça.Ao invés de brincarmos,fingíamos ser cientistas,astronautas.

Mas mesmo assim voce morria de ciúmes de mim,e me judiava,me batia,me irritava,estragava minhas bonecas.

Mal voce sabia que era meu maior exemplo,era em quem eu me espelhava.

Mal sabíamos o que faríamos do futuro,sem rumo e tão incerto.

Parecia que a infância seria eterna para nós.

E crescemos.

Eu lembro quando voce ganhou um violão:radiante.Arranhou alguns acordes,feito bebê tentando andar.Lembro quando conseguiu tocar uma música clássica,tão nostálgico.

Um dia,ameacei cortar as cordas do seu violão.

Mas voce me acalmou tocando um minuet.

E voce tocou,fazia da casa uma caixinha musical.

Mas,um dia voce quis ir embora,mas prometeu sempre voltar.

E quando voce volta,a música volta a tocar.

Dó,ré,mi,fá,sol,Mozart e Bach.

Meu amigo velho,seus 20 anos de boy:that's over baby!Mas prometa para mim:não deixa o violão se calar.

Um comentário:

  1. Bonita homenagem. Gostei de suas narrativas, aquelas que mostram nostalgicamente um universo inseguro de saudade. E, nas "de minuto" só dá pra pensar- "ela está querendo mostrar algo que não consegue"...talvez, você deva, sem medo. A saudade é tão bonita de pintar.

    ResponderExcluir